SALVE 2 DE JULHO INDEPENDÊNCIA DA BAHIA / JOANNA DE ANGELIS FOI JOANA ANGÉLICA,UMA DAS RESPONSÁVEIS POR ESSE MOMENTO HISTÓRICO/OS CABOCLOS


A Independência da Bahia: um dos mais intensos episódios de luta contra a dominação portugesa no Brasil.

A declaração de independência feita por Dom Pedro I, em sete de setembro de 1822, deu início a uma série de conflitos entre governos e tropas locais ainda fiéis ao governo português e as forças que apoiavam nosso novo imperador. Na Bahia, o fim do domínio lusitano já se fez presente no ano de 1798, ano em que aconteceram as lutas da Conjuração Baiana.

No ano de 1821, as notícias da Revolução do Porto reavivaram as esperanças autonomistas em Salvador. Os grupos favoráveis ao fim da colonização enxergavam na transformação liberal lusitana um importante passo para que o Brasil atingisse sua independência. No entanto, os liberais de Portugal restringiam a onda mudancista ao Estado português, defendendo a reafirmação dos laços coloniais.

As relações entre portugueses e brasileiros começaram a se acirrar, promovendo uma verdadeira cisão entre esses dois grupos presentes em Salvador. Meses antes da independência, grupos políticos se articulavam pró e contra essa mesma questão. No dia 11 de fevereiro de 1822, uma nova junta de governo administrada pelo Brigadeiro Inácio Luís Madeira de Melo deu vazão às disputas, já que o novo governador da cidade se declarava fiel a Portugal.

Utilizando autoritariamente as tropas a seu dispor, Madeira de Melo resolveu inspecionar as infantarias, de maioria brasileira, no intituito de reafirmar sua autoridade. A atitude tomada deu início aos primeiros conflitos, que se iniciaram no dia 19 de fevereiro de 1822, nas proximidades do Forte de São Pedro. Em pouco tempo, as lutas se alastraram para as imediações da cidade de Salvador. Mercês, Praça da Piedade e Campo da Pólvora se tornaram os principais palcos da guerra.

Nessa primeira onda de confrontos, as tropas lusitanas não só enfrentaram militares nativos, bem como invadiram casas e atacaram civis. O mais marcante episódio de desmando ocorreu quando um grupo português invadiu o Convento da Lapa e assassinou a abadessa Sóror Joana Angélica, considerada a primeira mártir do levante baiano. Mesmo com a derrota nativista, a oposição ao governo de Madeira de Melo aumentava.

Durante as festividades ocorridas na procissão de São José, de 21 de março de 1822, grupos nativistas atiraram pedras contra os representantes do poderio português. Além disso, um jornal chamado "Constitucional" pregava oposição sistemática ao pacto colonial e defendia a total soberania política local. Em contrapartida, novas forças subordinadas a Madeira de Melo chegavam a Salvador, instigando a debandada de parte da população local.

Tomando outros centros urbanos do interior, o movimento separatista ganhou força nas vilas de São Francisco e Cachoeira. Ciente destes outros focos de resistência, Madeiro de Melo enviou tropas para Cachoeira. A chegada das tropas incentivou os líderes políticos locais a mobilizarem a população a favor do reconhecimento do príncipe regente Dom Pedro I. Tal medida verificaria qual a postura dos populares em relação às autoridades lusitanas recém-chegadas.

O apoio popular a Dom Pedro I significou uma afronta à autoridade de Madeira de Melo, que mais uma vez respondeu com armas ao desejo da população local. Os brasileiros, inconformados com a violência do governador, proclamaram a formação de uma Junta Conciliatória e de Defesa instituída com o objetivo de lutar contra o poderio lusitano. Os conflitos se iniciaram em Cachoeira, tomaram outras cidades do Recôncavo Baiano e também atingiram a capital Salvador.

As ações dos revoltosos ganharam maior articulação com a criação de um novo governo comandado por Miguel Calmon do Pin e Almeida. Enquanto as forças pró-independência se organizavam pelo interior e na cidade de Salvador, a Corte Portuguesa enviou cerca de 750 soldados sob a lideranaça do general francês Pedro Labatut. As principais lutas se engendraram na região de Pirajá, onde independentes e metropolitanos abriram fogo uns contra os outros.

Devido à eficaz resitência organizada pelos defensores da independência e o apoio das tropas lideradas pelo militar britânico Thomas Cochrane, as tropas fiéis a Portugal acabaram sendo derrotadas em 2 de julho de 1823. O episódio, além de marcar as lutas de independência do Brasil, motivou a criação de um feriado onde se comemora a chamada Independência da Bahia.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Fonte: http://www.brasilescola.com/historiab/independencia-bahia.htm

 
 Joanna de Ângelis


Um espírito que irradia ternura e sabedoria, despertando-nos para a vivência do amor na sua mais elevada expressão, mesmo que, para vivê-lo, seja-nos imposta grande soma de sacrifícios. Trata-se do Espírito que se faz conhecido pelo nome JOANNA DE ÂNGELIS, e que, nas estradas dos séculos, vamos encontrá-la na mansa figura de JOANA DE CUSA, numa discípula de Francisco de Assis, na grandiosa SÓROR JUANA INÉS DE LA CRUZ e na intimorata JOANA ANGÉLICA DE JESUS. Conheça agora cada um deste personagens que marcaram a história com o seu exemplo de humildade e heroísmo.

JOANA DE CUSA

Joana de Cusa, segundo informações de Humberto de Campos, no livro "Boa Nova", era alguém que possuía verdadeira fé. Narra o autor que: "Entre a multidão que invariavelmente acompanhava JESUS nas pregações do lago, achava-se sempre uma mulher de rara dedicação e nobre caráter, das mais altamente colocadas na sociedade de Cafarnaum. Tratava-se de Joana, consorte de Cusa, intendente de Ântipas, na cidade onde se conjulgavam interesses vitais de comerciantes e de pescadores".


O seu esposo, alto funcionário de Herodes, não lhe compartilhava os anseios de espiritualidade, não tolerando a doutrina daquele Mestre que Joana seguia com acendrado amor. Vergada ao peso das injunções domésticas, angustiada pela incompreensão e intolerância do esposo, buscou ouvir a palavra de conforto de JESUS que, ao invés de convidá-la a engrossar as fileiras dos que O seguiam pelas ruas e estradas da Galiléia, aconselhou-a a seguí-Lo a distância, servido-O dentro do próprio lar, tornando-se um verdadeiro exemplo de pessoa cristã, no atendimento ao próximo mais próximo: seu esposo, a quem deveria servir com amorosa dedicação, sendo fiel a Deus, amando o companheiro do mundo como se fora seu filho. JESUS traçou-lhe um roteiro de conduta que lhe facultou viver com resignação o resto de sua vida. Mais tarde, tornou-se mãe.


Com o passar do tempo, as atribuições se foram avolumando. O esposo, após uma vida tumultuada e inditosa, faleceu, deixando Joana sem recursos e com o filho para criar. Corajosa, buscou trabalhar. Esquecendo "o conforto da nobreza material, dedicou-se aos filhos de outras mães, ocupou-se com os mais subalternos afazeres domésticos, para que seu filhinho tivesse pão". Trabalhou até a velhisse. Já idosa, com os cabelos embranquecidos, foi levada ao circo dos martírios, juntamente com o filho moço, para testemunhar o amor por JESUS, o Mestre que havia iluminado a sua vida acenando-lhe com esperanças de um amanhã feliz. Narra Humberto de Campos, no livro citado:


"Ante o vozerio do povo, foram ordenadas as primeiras flagelações.
- Abjura!... - excalama um executor das ordens imperiais, de olhar cruel e sombrio.
A antiga discípula do Senhor contempla o céu, sem uma palavra de negação ou de queixa. Então o açoite vibra sobre o rapaz seminu, que exclama, entre lágrimas: - "Repudia a JESUS, minha mãe!... Não vês que nós perdemos?! Abjura!... por mim, que sou teu filho!..."
Pela primeira vez, dos olhos da mártir corre a fonte abundante das lágrimas. As rogativas do filho são espadas de angustia que lhe retalham o coração.
Após recordar sua existência inteira, responde:
"- Cala-te, meu filho! JESUS era puro e não desdenhou o sacrifício. Saibamos sofrer na hora dolorosa, porque, acima de todas as felicidades transitórias do mundo, é preciso ser fiel a DEUS!"
Logo em seguida, as labaredas consomem o seu corpo envelhecido, libertando-a para a companhia do seu Mestre, a quem tão bem soube servir e com quem aprendeu a sublimar o amor.

UMA DISCÍPULA DE FRANCISCO DE ASSIS

Séculos depois, Francisco, o "Pobrezinho de Deus", o "Sol de Assis", reorganiza o "Exército de Amor do Rei Galileu", ela também se candidata a viver com ele a simplicidade do Evangelho de Jesus, que a tudo ama e compreende, entoando a canção da fraternidade universal.

SOROR JUANA INÉS DE LA CRUZ

No século XVII ela reaparece no cenário do mundo, para mais uma vida dedicada ao Bem. Renasce em 1651 na pequenina San Miguel Nepantla, a uns oitenta quilômetros da cidade do México, com o nome de JUANA DE ASBAJE Y RAMIREZ DE SANTILLANA, filha de pai basco e mãe indígena.
Após 3 anos de idade, fascinada pelas letras, ao ver sua irmã aprender a ler e escrever, engana a professora e diz-lhe que sua mãe mandara pedir-lhe que a alfabetizasse. A mestra, acostumada com a precocidade da criança, que já respondia ás perguntas que a irmã ignorava, passa a ensinar-lhe as primeiras letras.
Começou a fazer versos aos 5 anos.
Aos 6 anos, Juana dominava perfeitamente o idioma pátrio, além de possuir habilidades para costura e outros afazeres comuns às mulheres da época. Soube que existia no México uma Universidade e empolgou-se com a idéia de no futuro, poder aprender mais e mais entre os doutores. Em conversa com o pai, confidenciou suas perspectivas para o futuro. Dom Manuel, como um bom espanhol, riu-se e disse gracejando:
-"Só se você se vestir de homem, porque lá só os rapazes ricos podem estudar." Juana ficou surpresa com a novidade, e logo correu à sua mãe solicitando insistentemente que a vestisse de homem desde já, pois não queria, em hipótese alguma, ficar fora da Universidade.
Na Capital, aos 12 anos, Juana aprendeu latim em 20 aulas, e português, sozinha. Além disso, falava nahuatl, uma língua indígena. O Marquês de Mancera, querendo criar uma corte brilhante, na tradição européia, convidou a menina-prodígio de 13 anos para dama de companhia de sua mulher.
Na Corte encantou a todos com sua beleza, inteligência e graciosidade, tornando-se conhecida e admirada pelas suas poesias, seus ensaios e peças bem-humoradas. Um dia, o Vice-rei resolveu testar os conhecimentos da vivaz menina e reuniu 40 especialistas da Universidade do México para interrogá-la sobre os mais diversos assuntos. A platéia assistiu, pasmada, àquela jovem de 15 anos responder, durante horas, ao bombardeio das perguntas dos professores. E tanto a platéia como os próprios especialistas aplaudiram-na, ao final, ficando satisfeito o Vice-rei.
Mas, a sua sede de saber era mais forte que a ilusão de prosseguir brilhando na Corte.
A fim de se dedicar mais aos seus estudos e penetrar com profundidade no seu mundo interior, numa busca incessante de união com o divino, ansiosa por compreender Deus através de sua criação, resolveu ingressar no Convento das Carmelitas Descalças, aos 16 anos de idade. Desacostumada com a rigidez ascética, adoeceu e retornou à Corte. Seguindo orientação de seu confessor, foi para a ordem de São Jerônimo da Conceição, que tem menos obrigações religiosas, podendo dedicar-se às letras e à ciência. Tomou o nome de SÓROR JUANA INÉS DE LA CRUZ.
Na sua confortável cela, cercada por inúmeros livros, globos terrestres, instrumentos musicais e científicos, Juana estudava, escrevia seus poemas, ensaios, dramas, peças religiosas, cantos de Natal e música sacra. Era freqüentemente visitada por intelectuais europeus e do Novo Mundo, intercambiando conhecimentos e experiências.
A linda monja era conhecida e admirada por todos, sendo os seus escritos popularizados não só entre os religiosos, como também entre os estudantes e mestres das Universidades de vários lugares. Era conhecida como a "Monja da Biblioteca".
Se imortalizou também por defender o direito da mulher de ser inteligente, capaz de lecionar e pregar livremente.
Em 1695 houve uma epidemia de peste na região. Juana socorreu durante o dia e a noite as suas irmãs reliogiosas que, juntamente com a maioria da população, estavam enfermas. Foram morrendo, aos poucos, uma a uma das suas assistidas e quando não restava mais religiosas, ela, abatida e doente, tombou vencida, aos 44 anos de idade.

SÓROR JOANA ANGÉLICA DE JESUS

Passados 66 anos do seu regresso à Pátria Espiritual, retornou, agora na cidade de Salvador na Bahia, em 1761, como JOANA ANGÉLICA, filha de uma abastada família. Aos 21 anos de idade ingressou no Convento da Lapa, como franciscana, com o nome de SÓROR JOANA ANGÉLICA DE JESUS, fazendo profissão de Irmã das Religiosas Reformadas de Nossa Senhora da Conceição. Foi irmã, escrivã e vigária, quando, e, 1815, tornou-se Abadessa e, no dia 20 de fevereiro de 1822, defendendo corajosamente o Convento, a casa do Cristo, assim como a honra das jovens que ali moravam, foi assassinada por soldados que lutavam contra a Independência do Brasil.


Nos planos divinos, já havia uma programação para esta sua vida no Brasil, desde antes, quando reencarnara no México como Sóror Juana Inés de La Cruz. Daí, sua facilidade estrema para aprender português. É que, nas terras brasileiras, estavam reencarnados, e reencarnariam brevemente, Espíritos ligados a ela, almas comprometidas com a Lei Divina, que faziam parte de sua família espiritual e aos quais desejava auxiliar.
Dentre esses afeiçoados a Joanna de Ângelis, destacamos Amélia Rodrigues, educadora, poetisa, romancista, dramaturga, oradora e contista que viveu no fim do século passado ao início deste.

JOANNA NA ESPIRITUALIDADE

Quando, na metade do século passado, "as potências do Céu" se abalaram, e um movimento de renovação se alastrou pela América e pala Europa, fazendo soar aos "quatro cantos" a canção da esperança com a revelação da vida imortal, Joanna de Ângelis integrou a equipe do Espírito de Verdade, para o trabalho de implantação do Cristianismo redivivo, do Consolador prometido por Jesus. E ela, no livro "Após a Tempestade", em sua última mensagem, referindo-se aos componentes de sua equipe de trabalho diz:


"Quando se preparavam os dias da Codificação Espírita, que ando se convocavam trabalhadores dispostos à luta, quando se anunciavam as horas preditas, quando se arregimentavam seareiros para Terra, escutamos o convite celeste e nos apressamos a oferecer nossas parcas forças, quanto nós mesmos, a fim de servir, na ínfima condição de sulcadores do solo onde deveriam cair as sementes de luz do Evangelho do Reino."
Em "O Evangelho Segundo o Espiritismo" vamos encontrar duas mensagens assinadas por "Um Espírito amigo". A primeira, no Cap. IX, item 7 com o título "A paciência", escrita em Havre, 1.862. A segunda no Cap. XVIII itens 13 e 15 intitulada "Dar-se-á àquele que tem", psicografada no mesmo ano que a anterior, na cidade de Bordéus. Se observarmos bem, veremos a mesma Joanna que nos escreve hoje, ditando no passado uma bela página, como o modelo das nossas atitudes, em qualquer situação. No mundo Espiritual, Joanna estagia numa bonita região, próxima da Crosta terrestre.


Quando vários Espíritos ligados a ela, antigos cristãos equivocados se preparavam para reencarnar, reuniu a todos e planejou construir na Terra, sob o céu da Bahia no Brasil, uma cópia, embora imperfeita, da Comunidade onde estagiava no Plano Espiritual, com o objetivo de, redimindo os antigos cristãos, criar uma experiência educativa que demonstrasse a viabilidade de se viver numa comunidade, realmente cristã, nos dias atuais. Espíritos gravemente enfermos, não necessariamente vinculados aos seus orientadores encarnados, viriam na condições de órfãos, proporcionando oportunidade de burilamento, ao tempo em que, eles próprios, se iriam liberando das injunções cármicas mais dolorosas e avançando na direção de Jesus.
Engenheiros capacitados foram convidados para traçarem os contornos gerais dos trabalhos e instruírem os pioneiros da futura Obra.


Quando estava tudo esboçado, Joanna procurou entrar em contato com Francisco de Assis, solicitando que examinasse os seus planos e auxiliasse na concretização dos mesmos, no Plano Material.
O "Pobrezinho de Deus" concordou com a Mentora e se prontificou a colaborar com a Obra, desde que "nessa Comunidade jamais fosse olvidado o amor aos infelizes do mundo, ou negada a Caridade aos "filhos do Calvário", nem se estabelecesse a presunção que é vérmina a destruir as melhores edificações do sentimento moral'.


Quase um século foi passado, quando os obreiros do Senhor iniciaram na Terra, em 1947, a materialização dos planos de Joanna, que inspirava e orientava, secundada por Técnicos Espirituais dedicados que espalhavam ozônio especial pela psicosfera conturbada da região escolhida, onde seria construída a "Mansão do Caminho", nome dado à alusão à "Casa do Caminho" dos primeiros cristãos.


Nesse ínterim, os colaboradores foram reencarnando, em lugares diversos, em épocas diferente, com instrução variada e experiências diversificadas para, aos poucos, e quando necessário, serem "chamados" para atender aos compromissos assumidos na espiritualidade. Nem todos, porém, residiriam na Comunidade, mas, de onde se encontrassem, enviariam a sua ajuda, estenderiam a mensagem evangélica, solidários e vigilantes, ligados ao trabalho comum.


A Instituição crescendo sempre comprometida a assistir os sofredores da Terra, os tombados nas provações, os que se encontram a um passo da loucura e do suicídio. Graças às atividades desenvolvidas, tanto no plano material como no plano espiritual, com a terapia de emergência a recém-desencarnados e atendimentos especiais, a "Mansão do Caminho" adquiriu uma vibração de espiritualidade que suplantas humanas vibrações dos que ali residem e colaboram.

 

Texto extraído do livro: "A Veneranda Joanna de Ângelis" 

Autoria de Celeste Carneiro em Parceria com Divaldo Pereira Franco

 

Fonte:

 
 
 
 
LADISLAU DOS SANTOS TITARA

Letra do Hino "Dois de Julho"

(Hino da Bahia)

Letra: Ladislau dos Santos Titara

Música: José dos Santos Barreto

 

Nasce o sol a 2 de julho

Brilha mais que no primeiro

É sinal que neste dia

Até o sol é brasileiro

Nunca mais o despotismo

Referá nossas ações

Com tiranos não combinam

Brasileiros corações

 

Salve, oh! Rei das campinas

De Cabrito e Pirajá

Nossa pátria hoje livre

Dos tiranos não será

 

Cresce, oh! Filho de minha alma

Para a pátria defender,

O Brasil já tem jurado

Independência ou morrer.

 

Paraguassu

Poema épico

Canto I [Anjo Benigno, que feliz à Humanos]

Anjo Benigno, que feliz à Humanos,

Para exalçar nações, dos Céus baixaste:

Augusta, ó Liberdade, eia, me inspira;

E d'Épico instrumento os sons canoros

Dá, que divinos guardem, sobranceiros

Aos turvos lagos do esquecido Letes,

Heróis quanto criou guerreira a Pátria:

E, animados por Ti, prodígios quantos

C'roa cingiram, de fulgor perene,

As, d'alto jus à glória, honrosas lidas,

Que salvo o Pátrio berço, à pleno, deram,

No assunto, sem igual, tua influência

Sobeja o voar implume esteie à Musa.

 

Canto I [Tanto que o Município desse prisco]

Tanto que o Município desse prisco

Povo, rei do Orbe inteiro, decidira

Legiões, que os nós desdém, mudar segundas

O Gênio do Brasil, que ativo o escruta,

Peito a baldá-lo põe; e lá firmando

No Amazonas caudal a planta enorme,

Transcende etérea mole desmedida,

Às margens sobranceiro do Janeiro,

Por onde cometer de Jove o assento,

Raivando, pretendeu Titânea prole:

E quanto à Diva, que semeia trevas,

Horas apenas sobejavam duas,

Para que ao fulvo Irmão nos Hemisférios

Desfechar consentisse acesos fachos;

Quanto cadentes aliciavam astros

Mais ao supor gratíssimo, e cingia,

Com suave liame, Orfeu Humanos:

Qual fora em sonhos ao Diôneo Teucro,

Do futuro enunciar Cileno arcanos;

Fragueiro se acelera, e do Magânimo jeito,

Do Bragantino Moço, então Regente,

Que, outro Filho de Rhea, à um Novo Império

Robustos profundava os alicerces,

Tomado de respeito, ao toro chega.

 

Canto III [Ao horrendo fremir das rijas portas]

Ao horrendo fremir das rijas portas,

Intrépida Heroína, acorre Antiste,

A que do sacro Encerro a paz cabia;

E porque a sanha acalme aos monstros, única

O postigo desfecha, e ora mil preces

Exaure a eliminá-los; ora ativa

Emprega suasões, e as cãs ostenta,

Dos anos ao langor enbranquecidas;

As cãs, que sempre, te, ó Virtude, honraram:

O ar ostenta verendo, o ar tranqüilo,

A que palor não dão mãos homicidas,

Os celerados crus, que inexoráveis

Na culpa o coração enduram, e ávidos,

De vítimas (Ó Céu!) inda não fartos!

Recrudescem em dobro, e perrompendo

O empecilho, que os têm, mais que ferozes,

Sem pio ardor, sem dó, descridos cravam

Co'a morte o gume no virgíneo seio,

Que viste infortunosa cair, Lapa,

Do freiricida atroz aos pés sanguentos:

Tal, ao golpe exicial de arcabuz rouco,

Por mãos injustas, à Inocência adversas,

Tomba rola, que em paz, e riso habita

Sombrio entrecho dos nutrícios bosques,

Sem dos perjúrios, sem labéu dos crimes,

Gozando os teus, Natura, almos melindres.

 

Canto IV [Diz como idosos, ferrugentos tubos]

Diz como idosos, ferrugentos tubos,

Bahiano esforço por ameias tendo,

Rudes carretas, à ligeira, montam.

Ocorre-lhe também falar daqueles,

Tupica multidão, nas frechas destros,

Que do teso arco com vigor travando,

As tabas deixam mais, que muito, amadas;

E, em tribos várias, a reunir-se marcham.

Dos Uapis ao som, ao som da Inúbia,

Compassando uns trás outro, em longas restes,

Seguem os Paiaiás, pródomo vindo

Morubixaba afoito, às tribos chefe:

E à todos, quais na paz, seguem nos prélios,

Oh! Conjugal ternura! As leais consortes,

Que à extremos dadas, ânsia põe inteira

E com eles a triunfo, ou ir à Campa.

 

Canto V [Ilha em tudo primaz, Ilha famosa]

Ilha em tudo primaz, Ilha famosa,

Tão amena, e tão fértil, que eclipsara

Essa, em que (a ser verdade) seus guerreiros

D'asp'ras lidas pintou Camões divino,

Olvidados pousar, beber delícias.

Noticiam também, de que arte, um Luso

Vem trânsfuga dali, e aos seus bem nota,

Que o lado ocidental era então ermo

D'algo, que desembarque aí tolhesse.

 

Canto VI [Progrediam no Exército, à grã sanha]

Progrediam no Exército, à grã sanha,

Intermitentes, petechiaes, mil febres,

As falanges consumo, e que guerreiros

Tanto inutilizam; obra acerba,

Quiçá dos hostis Numes. Muito arredo

Era o magno hospital; um longe menos,

D'amplo seio também, es estabelece

Na Itapuã, e a incumbência cabe dele,

A Cabral, que a Elísia recém-vindo,

Na Esculapina ciência amplo, e perito,

Aos seios se passara patrióticos,

E ali, a seus febri-fugos desvelos,

Restrição não pequena se devera

De impertinente morbo. Inda que tanto

Desfalcadas as forças, cônscio o Chefe

De que a Esquadra Ulisséia predispunha

Do Fluminense auxílio ao desembarque.

 

Canto VIII [Do Pirajá volvendo, atiça chamas]

Do Pirajá volvendo, atiça chamas,

(Tuas cenas, Moscou, lembrando aflitas!)

Que encorpadas guiando-se, amplo abrasam

E às cinzas tornam Fábrica estendida!

Manancial de fartura, que prestava,

Do melífero suor, anuo estilado,

Mil candidatos cabuchos, donde safra

Ao dono vinha, de valor enorme;

Ao dono, que seu crime é ser Bahiano!

Em amplitude tal, quanto em estima,

D'équoreo braço às bordas, franco sempre,

Mais preço tinha a Granja; uma dos muros

Milha quiçá distante, mole aquária

Volteava-lhe abundosa os rijos prelos,

Que rápidos se atuam, premem lestos,

Com estufado dente, haste arundina,

Seu dispêndio é menor, tem mais presteza,

Que quantos (modo usual) vigor eqüino,

Ou tardo boi pesado, a agitar, sua.

Herdade outra também d'outro Bahiano,

Comem vorazes flamas, e desta arte,

Crêem os Godos punir pungente

De, n'um só dia, heróicos Brasileiros

Dupla vitória obter, com que se enramem.
 

19 de fevereiro de 2009 às 08:32:02h | Por Equipe Nublog

Dezenove de fevereiro de 1822, Joana Angélica morre e vira símbolo da independência do Brasil

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Fonte: http://www.nublog.com.br/exibecompleta.php?codnot=873&pagina=4&mes=

INDEPENDÊNCIA DO BRASIL NA BAHIA-1

Por jarycardoso

O caboclo em seu carro na Lapinha. Foto: Xando P. | Agência A Tarde

O caboclo em seu carro na Lapinha. Foto: Xando Pereira | Agência A Tarde

O CABOCLO NO MEIO

por MILTON MOURA*

Autores consagrados disseram, nas últimas décadas, que o caboclo é um resultado. Alguns deles garantem que é um híbrido. Outros, que é produto de um sincretismo. Outros ainda, que é uma síntese de elementos da brasilidade, uma mistura de perfis. Reconheço a procedência das frases e a verossimilhança das afirmações. Por outro lado, temo que, em dizendo assim, estejamos querendo roubar do caboclo aquilo de que ele parece gostar mais: estar no meio, ser o meio. O que não é a mesma coisa.

O caboclo flui e escapole, tangencia e adentra ao mesmo tempo. A ele não se presta um culto imponente, cheio de cobranças de coerência, posto que não é um deus. Quem vai controlar o caboclo, se ele já aparece feito, não sai de camarinha? Quem sabe é um espírito, um duende astucioso e engraçado, um gnomo que desata nós, tão perspicaz e indecente, adivinhão e surpreendente, provocando admiração e embaraço, temor e alívio. O caboclo habita os meandros das inconsistências, escorrega por entre as arestas das identidades.

Recorrer a um caboclo, ou mesmo ser um caboclo, é um meio. Meio de fazer sentido ou escapar do absurdo de ter que fazer sentido pelo sentido imposto pelos outros. Caboclo é estratégia, jeito, postura de gente sabida. Caboclo é quem escapou do extermínio, da escravidão e da servidão e ainda arranjou como fazer uma tenda onde vêm ter os seus senhores de antanho, em busca de conselho e solução. Até no calendário o caboclo está no meio.

Com exceção do caboclo Tupinambá, que sai em cortejo no 7 de janeiro de Itaparica, os caboclos da independência da Bahia passam no 2 de julho, precedidos de uma semana pelo de Cachoeira, que passeia pela beirada do Paraguaçu já no 25 de junho. São vários, de diversos tamanhos, caboclos e caboclas. Há deles e delas também em Valença, Saubara, Maragogipe, Santo Amaro, São Félix, Jaguaripe, Itacaré e Salinas da Margarida. Com a saída dos portugueses da sede da Bahia, foi preciso inventar um personagem que pudesse ser, quem sabe, o brasileiro. E entronizaram um caboclo num carro de guerra. Ontem (2.7.2007), saíram de novo pela Bahia afora.

Ainda não sabemos direito o que somos, nem para onde podemos ir. Sequer temos certeza de que a sociedade civil, ou a própria democracia, sejam uma aventura apropriada para uma província, capital do passado, ex-poderosa, ex-tanta coisa, êxtase de um Brasil que acaricia seu umbigo preto. Entretanto, quando vemos os caboclos passarem em seu cortejo magnífico, é como se por alguns instantes pudéssemos sonhar em sermos interfaces de nós mesmos, no meio de nós, no meio da rua.

*Milton Moura – professor de Sociologia da Universidade Federal da Bahia (UFBa), coordenador do grupo de pesquisa "O Som do Lugar e o Mundo"

(Publicado no jornal A Tarde, de Salvador, em 3 de julho de 2007)

Fonte: http://jeitobaiano.wordpress.com/2009/06/30/independencia-do-brasil-na-bahia/

 

 

 
HOMENAGEM DA
REDE CEIA ANO 3  :
 

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